Barbara Coimbra



Lábios no conhaque

Há muito penso em Tomas, e é assim, sentado no fundo de um quarto cinza, numa cadeira velha com veludo vinho cor de bordel empoeirado, que o tenho na lembrança, como na primeira vez que o vi, num antigo bar na parte velha da cidade. Lábios no conhaque e olhos no Poema Sujo, tão sujo quanto ele, tão imensamente sujo e pretensioso quanto ele, guardando no seu cume a beleza involuntária dos cabelos emaranhados e dos olhos azul-macondo, numa mistura orgânica de corpos de fadas em conserva em garrafas de vidro enfileiradas na prateleira.
Há muito não vejo Tomas, e é na qualidade de homem-verbo que o guardo no fundo cinza de um poema, numa cadeira velha com veludo azul-macondo empoeirado, lábios no conhaque, olhos nos meus olhos, tão pretensamente sujos quanto os dele, tão involuntariamente escuros quanto os cor de bordel dele, que brilham. Brilham uma luz silenciosa de lábios no conhaque, lábios no conhaque.
"Que desejar olhos brilhantes, é tê-los."

4 Comments:

At 12:16 PM, Anonymous Anônimo

Hum, tenho a sensação de que já li isso daí num outro fio ou caixa.

Lembro que gostei. Gosto ainda.

:)

 
At 1:23 AM, Anonymous Anônimo

É que o efeito só foi passar depois das três da tarde.

E o texto foi escrito pela manhã.

 
At 7:28 AM, Anonymous Anônimo

Rachel... era diferente o texto.. alterações bobas dentro de uma mesma base textual.

 
At 8:39 AM, Blogger Barbara Coimbra

sem desculpas, amanda.

aquilo, primeiro diga quem é. depois te direi que é o mesmo texto.

 

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