Barbara Coimbra



Eu sou noiva da Lua

Esta noite me subiu um frio pela espinha, um frio bom, que eu estava deitada de bruços e pude até sentir seus dedos, desenhados pelo Rembrandt, subirem a minha perna desde o tornozelo, mas sem passar da altura do joelho, e assim, meio que sem encostar, eu os sentia, como há tantos meses você fez, na sua casa, durante o carnaval, quase sem encostar. Eu, sem te olhar, deitada de bruços, como nesta noite, em que me subiu um frio pela espinha. Cantarolei baixinho "ele pediu minha mão, mas eu não dou não... não dou não... eu sou noiva da lua...", e assim, pude até te ver, deitado ao meu lado... sorrindo, me protegendo do mundo, "J'ai demandé a la lune... Si tu voulais encore de moi... Elle m'a dit: "J'ai pas l'habitude de m'occuper des cas comme ça". Et toi et moi on était tellement sûrs... Et on se disait quelques fois.... Que c'était juste une aventure... Et que ça ne durerait pas"