Barbara Coimbra



de manhã

Talvez seja o calor, o embrulho no estomago, ou mesmo o suor nas sobrancelhas. Pinga. Pinga. É como tinta na veia. Sozinha na veia.
Acordou com o peito molhado de suor, o corpo molhado de suor, o lençol enrolado na perna esquerda, o sol batendo nos olhinhos comprimidos, sonhando sonhos bons de pesadelos, de menininha pequena que não quer mais acordar. E murmura baixinho, Mamãe, mamãe, não quero acordar. E acorda e a mãe não está lá, e já não é mais tão pequena e já não pode controlar o seu não-acordar.
Que toda noite chora porque sabe que no dia seguinte vai ter que acordar.
E acorda. Enxuga a testa. Suspira o ar abafado. E não abre os olhos. Não, não abre, que se abrir vai ver o teto, e não quer ver. Tateia a beira da cama ainda de olhos fechados, treme a boca, treme a mão, rola pra esquerda com força: PAM.
Cai no chão.
Levanta com esforço, os braços estão bambos. Pinga suor da testa. As pernas estão bambas. Ela encara um ponto fixo com olhos ateus e implora, Deus, dê-me estímulo para viver.

3 Comments:

At 10:09 AM, Anonymous Anônimo

Eu há ouvi esse desejo em algum lugar

;)

 
At 8:49 PM, Anonymous Anônimo

Anuncie pelos 4 cantos da terra aos homens de bom coração que meu blog voltou.

 
At 1:43 PM, Anonymous Anônimo

desiste, ele não dá... tem que ir atrás sozinha...

 

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