Barbara Coimbra



Olha pra aquele balão multicor

Lá tinham luzes vermelhas, que lembravam mesmo aquele antigo motel indiano, que não era motel, mas parecia por conta de todo aquele dossel à lá Petra Cotes. E foi mesmo uma grande coincidência, ter encontrado outra vez com o monge do Pequena Índia, que deixou Trinidad Tobago e foi tomar o Santo Daime no dia de São João, ele se preparou para este dia durante seis anos, seis anos, e um suspiro, devoto de Krishna, e eu nunca suspeitaria, naquela noite - debaixo do dossel vermelho -, que o mongerente ainda iria me contar toda a sua experiência com as dinvidades do fogo, ao pé da fogueira, um abraço, mãos, um abraço. E aquele abraço ia me levar a essa lembrança de luzes e cores, mas lembravam assim, à primeira vista, que depois, as bolas no chão distraiam a mente, e distraiam, eu tentava ler os recados na parede, mas a luz era embriagante, o tempo perdia a si mesmo e a vida se escorria por entre os ponteiros. A dor inexplicável desse dia seguinte, que mais parece ressaca que qualquer outra coisa, continua. E dói, e poe arnica, e dói, e poe arnica. Pega uma novalgina, e tira, mão, um copo, água, copo, água no copo, novalgina, boca, copo, água, boca, engole e deita, cabeça enfiada no travesseiro, aahh, fecho os olhos e ainda estou embriagada pela luz vermelha, pelas bolas estourando, pelo abrir e fechar da porta. Cachaça. Porta. E só mais uma latinha, ai, tá quente. E o balão vai sumindo...

1 Comments:

At 11:20 AM, Anonymous Anônimo

vou me expor!

 

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