Chão de Giz
Desço dessa solidão, espalho coisas sobre um chão de giz
Há meros devaneios tolos a me torturar
Fotografias recortadas em jornais de folhas, amiúde...
Eu vou te jogar num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão, é inútil pois existe um grão-vizir.
Há tantas violetas velhas sem um colibri
Queria usar, quem sabe, uma camisa de força
Ou de Vênus
Mais não vou gozar de nós, apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom
Agora pego um caminhão na lona... Vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar
Meus vintes anos de "boy", That's over baby! Freud explica
Não vou me sujar, fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes, já passou o meu carnaval
E isso explica porque o sexo é assunto popular
No mais, estou indo embora... No mais, estou indo embora...
No mais... -
(*)
Desabafo Desinspirado
É incrível quando se descobre que Vê demônios em cristais líquidos e mosaicos, sem nem “saber” que assim são, e só chamando-os Perversos, quando se descobre que o 14:14 é muito maior que um momento do dia e que representa mais, muito mais que os quatro anos na varanda ouvindo kittie e se escondendo dentro do armário escuro.
É incrível, sim, e o mundo se transforma em algo desconhecido e maravilhoso, como disse que se transformaria o índio Don Juan. Mas eu, você e todos nós, líamos Carlos Castañeda como um passa-tempo, por que é sedutor mostrar um mundo assim, um mundo tão imensamente inalcançável se você não estiver no México central aprendendo a Ver e a Não-Fazer com os velhos brujos.
Mas então as barreiras do espaço-tempo se rompem outra vez e se descobre que, desde sempre, a morte está ao seu lado esquerdo, há um braço de distancia. E que não é fantasia, e que mesmo sem efeitos psicotrópicos você Vê. É incrível, a sensação de ser invadido pela não-existência e voltar, porque a morte ainda não quer te tocar. Incrível, incrível e inenarrável... Nem sei por que tentei passar essa experiência por palavras, as vezes e esqueço que não adianta falar de Poder, só basta Sentir.
Macaé
good mornin', good mornin'!
... E nossa vida será um musical!
Foi bonito e as palavras sumiram,
foi bonito e eu me sinto num abismo,
caindo, caindo, caindo, caindo...
Eu que me joguei, a gente é que se joga,
e é tão bom cair, é tão bom se deixar esvair
pelo vento.
e eu perco o seu nome numa gaveta,
num exercício de teatro, num Club Social,
e me encontro perdida na carne fria
e, e, e - tão horrivelmente perfeito, êle
tão completamente Olhos Brilhantes,
Azul Macondo, assim... Romance e Musical
E nem um beijo no final
[feliz,
Porque o Peixe tem o nariz torto.
- desentorta...
Saudades do Felipe, ele chega logo,
ele chega logo... dessa vez, de vez.
Espera
e se passam quatro horas e eu fico deitada no sol que passa pela fresta da janela do quarto, e se passam quatro horas, e eu fico me mexendo apenas para acompanhar o sol... durante quatro horas.
Desacreditando que isso está acontecendo de novo, e de novo, de novo.
Tomo mais calmantes, mas não consigo dormir.
Ligo a tela luminosa, vou me distrair, vou esquecer, e desacreditar que isso está acontecendo outra vez. Olho o relógio, 12:17.
Choro.