Barbara Coimbra



Eu gosto dela.



Um sonho que não é só meu.

Ele está no gelo, está quente.
É Alquimista e astronauta, é viajante e mensageiro.
Ele canta uma canção bonita que diz:
"Não corra só caminhe e caminhe (...)
Em algum lugar da sua mente você sabe que está bem(...)
por trás dessas nuvens estou quase em casa"
E ele sabe que está.
Ele escreve num papel sua mensagem.
Ele está no gelo, está quente.
Sua filha chora longe, e ele sabe que chora.
Mas agora ela não deve chorar,
Ele está quase em casa.
Mont Blanc antes da Nevasca



Ócio. tento me distrair, uma notícia me chama atenção: Um alquimista brasileiro perdido em montanhas europeias. Ã? Alquimista? E começo a ouvir. Foi em uma viajem escalar montanhas europeias. Nevasca. pessoas desesperadas há dias em tentativas de resgate. Nenhum sinal de vida. E no meio da neve encontraram uma anotação do dito cujo, um papelzinho que dizia:
Estou vivendo experiencias mágicas. Deus é grande!

Como ainda se preocupam depois disso? Meu Deus, um papel no meio da neve... Fiquei tão feliz de ter visto isso. lero lero...
Estou leve, tão leve. leveza boa, dessas que faz sorrir de contemplar o céu.
Olha! tem uma estrela, ela me guiou esta noite. Brilha tão estranhamente mágica. Noite tão estranhamente mágica.

Jyota se jyota jagão
Sadguru jyota se jyota jagão

[acenda minha chama com a sua chama
tire a escuridão do meu coração.

( Flor das Horas )



Listando

Não quero nunca esquecer

André Jahara
Gabriel Monteiro
Frederico Bastos
Felipe Lima
Liv
Rachel Dodeles
Rafael Taygoro

Marina Tolipan Erlanger
Isa Kaplan Vieira

Cecília Lobato Beraba
João Guilherme
João Roberto Wanderley Faissal
Gabriel Dória
Suzana Kolker
Isis Zezza
Vô Chacel

Pedro Monte
Diego Cruz
Luciano
Diogo Ribeiro
Lucas lodi
Laura Tûk
Ana Chacel

Amanda Chacel
Rafael Zettel
Mãe
Pai
Mag Bicalho
Jayme
Laila



Madá

coisa de orkuteiro

Tratando com o meu subjetivismo, um testemunhal como forma exata.
Que é de longe a Madá, e de perto é ser que não é. Construa a relação, desse ser que é e não é.
É como impressionismo, é Madá.
Para mim, só é de longe, e é Madá.
Cada detalhe desse rosto, que quando vi pela primeira vez tive que, compulsivamente, desenhar, trás uma fragrância diferente de Madá. Que na bochecha direita, bochecha que cai quando a boca cai quando o seu céu cai e grita histérica - É histérica, menina – mostra-me a pinta, ponto da questão que não é o ponto de vista, cuspo nessa hora, cuspo nessa hora e digo: Madá, sem ponto de vista!
Mas ela nem ouvir ouve, o que houve e há, é o suspiro de deboche, de como ela é superior a qualquer discussão e não precisa gastar seu latim com tal coisa pequena. Mas eu deixo de lado, só porque é impressionismo. Porque para mim, só é de longe, é Madá.
Mas eu gosto disso, gosto do tango argentino: seriedade, dádiva, paixão, entrega! E dos lábios,
o superior é minusculamente menor,
meticulosamente Madá,
boquinha de puta. É puta. E eu digo: puta! Ela completa com o “francesa”.
E gosto de ver como ela chora, e isso é egoísta, mas é que é realmente bonito, como o nariz fica vermelho e os olhinhos caídos se arregalam.
Deve ser isso: o olhar.
Que não é opaco como o da Rosa, mas brilha. Brilha assustadoramente, por entre os óculos escuros. E ela é para mim, expressionismo alemão.
É especial, e é só por um motivo, que tem o pescoço com fita de couro e a pinta-ponto da questão.



postura e respiração

É desse volta-não volta. termina e re-volta.
revolta. entende? blé.
enfim, está no rio, o problema.
Melhor do que se estivesse em outro lugar...
Ah. Vamos, vamos, vamos parar de reclamar! Eu venero o Deus que habita dentro de mim assim como o meu próprio ser.

Om Namah Shivaya.

Shivaya namaha, Shivaya namah om

Shivaya namaha, namaha Shivaya

Shambhu Shankara namah Shivaya,

Girija Shankara namah Shivaya

E entro num escuro mais denso e profundo, no centro, e do centro vem esse ponto de luz, entro no ponto. E o ponto é espaço, é matéria, é Ser. E nele há milhões e milhões de escuros densos e profundos que continuam este ciclo.
Circulo que vejo branco, mas o sinto azul.
Está tudo bem, está. O dia está bonito, e nessa noite verei a lua no céu, bola brilhante que me traz calma.



Eu sou noiva da Lua

Esta noite me subiu um frio pela espinha, um frio bom, que eu estava deitada de bruços e pude até sentir seus dedos, desenhados pelo Rembrandt, subirem a minha perna desde o tornozelo, mas sem passar da altura do joelho, e assim, meio que sem encostar, eu os sentia, como há tantos meses você fez, na sua casa, durante o carnaval, quase sem encostar. Eu, sem te olhar, deitada de bruços, como nesta noite, em que me subiu um frio pela espinha. Cantarolei baixinho "ele pediu minha mão, mas eu não dou não... não dou não... eu sou noiva da lua...", e assim, pude até te ver, deitado ao meu lado... sorrindo, me protegendo do mundo, "J'ai demandé a la lune... Si tu voulais encore de moi... Elle m'a dit: "J'ai pas l'habitude de m'occuper des cas comme ça". Et toi et moi on était tellement sûrs... Et on se disait quelques fois.... Que c'était juste une aventure... Et que ça ne durerait pas"



De como está distante

Assim é fácil de explicar. Que não vejo seus furacões e explosões cósmicas, ou mesmo, as estrelas intergalácticas. Não acompanho suas mágicas, não entendo tudo isso, só sinto. Se é que sinto, e não provoco isso em mim inconscientemente... Digo, a sensação. Os gostos que mudam. Os cheiros que se tornam diferentes. A gravidade que muda de força. Não vou pr’além do horizonte, da racionalidade. Fico aqui, enquanto você faz sua viajem e eu viro parte de um mundo distante, onde acordo, rio, e te olho, onde você acha algum propósito.
Mas eu não viajo com você, não acho propósito algum.
Espero. Mas você parece não voltar, não voltar nunca...
E quando volta, parece ter preferido ficar. E assim, assim é fácil de explicar.
Que eu quero ir embora, eu quero dar o fora, e quero que você venha comigo.



Atesto:


A Morte não usa óculos.

sem pretensões literárias

Essa vez será a última. A última das últimas, que não vou mais fazer-pensar essa inconstânciapalavra. Que minhas emoções parecem cubinhos da aula de física, f2 puxando prum lado e todas as outras forças de todas as outras siglas de todos os outros nomes para todos os outros lados. Tenho/devo de parar de desenhar (o parto.), (a fecunda) e anorexicas transexuais com patas de cavalo e dorso costurado. Sabe porque? porque são feias e erradas e irracionais. Porque sempre tem pergaminhos nos cabelos e pescoços e partes do corpo, em que confesso em letras minimalísticas, pra quem foi que desenhei, numa mistura entre Senhor dos Anéis com duas letras de notas ocultas. Ou não. Ou nem bem isso assim. Que misturo bem mesmo tudo. E confesso abestalhado que estou decépicionádo . Mas apatia. Mais apatia. ahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahaha.
A criação em orgasmo-elefante, desespero em olhos-fumaça, da literatura eletantídea que está em baixa atualmente: o gozo. Goza fumaça pela garganta escancarada. O farelo da existência a flor da pele-flor, não em seu rosto, mas em seu tempo expresso na flor das horas. Tempo-Vida.



Anotações de 22 de abril

Anotações no bloco de notas feitas em 22 de abril de 2005 por este que me encanta, e que ilustro com o Primórdio :

8187-3313

igor

Uma música:

Os braços sentem
Os olhos veêm
Os lábios beijam
Dois rios imensos sem direção

Um sonho:

Um menino
Aqui estão os rios
Não existem rios em São Paulo
Você é que não quer ver

Uma pergunta:

Esse caminho tem coração?

Algumas certezas:

Deus existe
Ser feliz é bom
Amo a Ba
Ba me ama



Sabina

E vira a imagem, pra você, vocespecial,

Que assim se observa melhor:

Adjetivos presos
num vidro de inomináveis.

Chapéu e cinto.

Te sinto.


Nessa insustentável Leveza.

Te amo.



O Roubo da Caixinha

Sobre o texto a seguir:
Encontrei-o novamente, quase que sem querer. Tinha salvo na pasta errada e não reconheci o título, que foi dado por mim diante daquelas palavras sem título. Apesar da troca infame de nomes, da raiva toda que senti quando me vi descrita como "Luisa" enquanto ele era Cortázar, deixei o rancor que sentia por ela de lado e guardei o texto, que me embrulha o estomago numa mistura de sentimentos, e dúvidas.




Queimava aqueles pedacinhos de papel como se fosse uma criança, os dedinhos pretos das cinzas na boca, e de novo nas cinzas, olhinhos de criança brilhando, de criança sonhando, criança escrevendo e vivendo, e todos os vários contos de fadas que eu contava , todos os vários contos de fadas que me contavam e que sabia que no fundo era sempre eu mesmo, sempre isso tudo de interno e vivo que não faz diferença pensar e dizer e comer, mundo, que não faz diferença , mesmo assim tão distraído, mesmo sorrindo e se queimando até acabar com toda a parte branca do papel, toda parte viva , tudo aquilo que não quero mais, e ficar parado admirando o fogo, mais um fósforo, dedo na boca, e agora já uma expressão aliviada de quem tira um peso das costas, quem ignora os reclames dos sentidos e tenta moldar a sua maneira aquilo de existência que acredita ter em si, com um olho só colocando o dedo na pequena fogueira de desejos que desenhou no chão do seu quarto, alguma dor , um pouco de orgulho, mas no fim acabava tendo que tirar o dedo numa tácita aceitação de que não era capaz de ir além de meia dúzia de sons e imagens e sensações e [ que sofro mais por estar sofrendo do que necessariamente pelo motivo do meu sofrimento { Julio Garcia : natural do equador, de uma dessas cidades esquisitas que ninguém conhece o nome, o próprio Julio não lembra nada de lá, residente no Brasil desde os 2 anos de idade, atualmente com 25 , Rio de Janeiro, Botafogo, Funcionário Público, e nas horas vagas – na realidade só mesmo nesse instante – queima papéis que pertenciam a uma tal caixa de desejos}] E a caixa de desejos, caixa de madeira, tão pequena que não podia guardar muita coisa, e devia ser por isso que tratava logo de realizar os pedidos que eram amontoados no seu interior como que desafiando-nos a colocar mais, a duvidar de sua potencia, a nos perdemos gradativamente no absurdo de uma crença vazia, num conjunto de sensações, e que se não fosse pelo fator empírico de suas realizações não significariam nada. Caixa de madeira no chão. Pequena pilha preta de papel queimado, de fogo apagado e Julio na cozinha passando detergente no dedo que ardia, pensando se aquilo funcionava mesmo e sentindo-se melhor por alguns segundos até a ardência começar a surgir novamente, assopra, olha a merda que eu fiz, precisava ficar brincando de Deus, e a sensação de derrota , de realidade suja e besta num apartamento ferrado de zona sul carioca, um olhar para o lado como se estivesse fugindo do que via, e de novo os papéis e a caixa e a tristeza que sucede o prazer, arrependimento de qualquer coisa que não se arrependia mas que a situação tornava tudo tão desconcertante e absurdo que se sentiu por algumas horas condicionado a sentar-se num canto qualquer do quarto e olhar para uns livros na prateleira pensando em como é que tinha conseguido chegar até aquele ponto; Algumas lagrimas escorreram [ . ] Ás duas horas da manhã estava dormindo abraçado à caixa de madeira, fazia calor e o ventilador não funcionava, o ar condicionado estava desligado – dinheiro escasso – , o cabelo despenteado e eu suando que nem um porco fudido, uma goteira no andar de cima, uns latidos de cachorro na rua, um lençol velho cobrindo o meu corpo, canetas, borrachas, computadores, e sei lá quais milhões de outras coisas que não mudariam em nada o rumo da história, a não ser é claro se estivesse falando do telefone, sim, o telefone , o telefone que tocava, tocava, e tocava mais uma vez, e mais uma, e só depois da próxima Julio resolveu levantar-se para atender.

(com uma voz sonolenta)Alo?
Um “oi” meio choroso do outro lado
Luisa?
(baixinho) sim sou eu...-silêncio-(respira fundo antes de ir direto ao assunto)Você pegou a caixa?- aquela vozinha chorosa
Peguei, desculpa.
(sem muita alteração) Ta, você pode me entregar amanhã?- silêncio - Julio?
silêncio
(sopro no telefone)Eu queimei os seus desejos...
Os que tinham o seu nome?
Não, todos. (silêncio) Nem cheguei a ler.
(longo silêncio)
Tudo bem, mas leva a caixa lá pra casa amanhã.
Eu levo.
Beijo.
Silêncio.
Tchau! Cleckt. Telefone no gancho, Julio voltando a dormir.

Chico Motta