Barbara Coimbra



Sobre Amar

Tem vezes que eu me irrito demais com as coisas, dou muita importância, e desgasta. É cansativo. Viver é cansativo, e eu me escondo num banheiro qualquer de bar e digo: "AH! Pára! Pára de existir!", mas o coração continua a pulsar. As coisas podem ser tão boas, e eu brigo por cada besteira, me deixo levar pela vaidade, pelo ego que estimula a disputa. Meu deus! Eu tenho um espírito muito competidor! Eu disputo tudo! É incrível, e me faz tão mal...
Tem muita gente, importante p'ra mim, que eu não vejo há muito tempo... E não é que eu "goste muito" de cada uma delas, é mais que isso, eu Realmente Amo - quando eu digo que amo muita gente, às vezes pensam que eu estou vulgarizando a palavra, que não é Realmente Amor -, mas e essa diferença entre gostar muito e amar é que é o essencial. Quando a gente Ama, ama um conjunto todo, ama toda a existência daquela pessoa.
É difícil amar às vezes, eu tenho medo dizer que amo, porque tenho medo que a pessoa não me ame...
Aí, amar dói.
Mas na verdade, quando se assume que ama, quando diz "Eu te amo", pára de doer, é sincero demais para doer.
Tem gente que eu amo muito, muito mesmo, e que eu me afastei por motivos diversos.
Geralmente é orgânico, nos afastamos naturalmente, às vezes eu chego a pensar que não sinto mais nada pela pessoa, que passou, mas na verdade, esse amor não muda... que eu me pego lembrando com o coração, e com ternura. E às vezes não dá pra recuperar aquele laço, mas lembrar é bom,
E eu amo na lembrança.



Dear Prudence,


won't you come out to play



Olha pra aquele balão multicor

Lá tinham luzes vermelhas, que lembravam mesmo aquele antigo motel indiano, que não era motel, mas parecia por conta de todo aquele dossel à lá Petra Cotes. E foi mesmo uma grande coincidência, ter encontrado outra vez com o monge do Pequena Índia, que deixou Trinidad Tobago e foi tomar o Santo Daime no dia de São João, ele se preparou para este dia durante seis anos, seis anos, e um suspiro, devoto de Krishna, e eu nunca suspeitaria, naquela noite - debaixo do dossel vermelho -, que o mongerente ainda iria me contar toda a sua experiência com as dinvidades do fogo, ao pé da fogueira, um abraço, mãos, um abraço. E aquele abraço ia me levar a essa lembrança de luzes e cores, mas lembravam assim, à primeira vista, que depois, as bolas no chão distraiam a mente, e distraiam, eu tentava ler os recados na parede, mas a luz era embriagante, o tempo perdia a si mesmo e a vida se escorria por entre os ponteiros. A dor inexplicável desse dia seguinte, que mais parece ressaca que qualquer outra coisa, continua. E dói, e poe arnica, e dói, e poe arnica. Pega uma novalgina, e tira, mão, um copo, água, copo, água no copo, novalgina, boca, copo, água, boca, engole e deita, cabeça enfiada no travesseiro, aahh, fecho os olhos e ainda estou embriagada pela luz vermelha, pelas bolas estourando, pelo abrir e fechar da porta. Cachaça. Porta. E só mais uma latinha, ai, tá quente. E o balão vai sumindo...



Retrato

Eu fiquei realmente impressionada... juro.
entao, entrem ai http://wiki.inspiira.org/view/Persona/ENFP, respondam, e juro... nao sei explicar, mas 'e de verdade.
(e desculpem a falta de acentos)
quem se enteressar, sou eu: http://wiki.inspiira.org/cgi-bin/bin/view/Persona/ENFP



O Sim

"Esta força é muito simples,
todo mundo vê,
mas passa por ela,
e não procura compreender."

Explosões de cores, pulsações de amor e de boas intenções, isso é, cada um de nós, pulsaçõezinhas, que são uma, Mas Não são, são Um Todo Infinito e brilhante que pulsa mais e Mais quando mais Milagres – atos de amor -. É um assombroso mosaico gigantesco, um incrível Sim Eterno, é euforia e tristeza e pulsação: é bom.
E o mal... olha o mau aqui! É um riso de luzes esverdeadas, é pulsação, e é extremamente igual a mim e a caneta do meu lado. É, e não é.
É preciso santificar cada objeto, cada ser, pois eles são outras pulsações de amor e afeto e – aquela palavra que eu não gosto, mas é a essencial – harmonia. É isso. E não é. É inenarrável, indescritível, mas é exatamente isso.
E é isso o tempo todo, nunca para, nunca... agora está sendo, você está pulsando (mais ou menos de acordo com o seu amor – mas é sempre mais, entende?). E é muito, muito rápido, muitíssimo rápido!, e a vida cotidiana é o espaço entre uma pulsação e outra. Não menos importante, mas pequena, em relação a Todo o Infinito.
Mas não se esqueça, nunca mesmo!, do fazer amor das mãos.
Eu estou falando de uma energia cósmica, de Hair, entende?



Memórias Póstumas

ou Ode ao Príncipe


Era um abismo, um abismo, e eu caia,
eu queria cair,
era bom, eu me jogava, angustiante, era um desespero, eu te amava,
eu odiava,
era assim: "preto, branco e vermelho.",
era assim: "que eu mataria minha própria mãe - mas somente para você. "
era Mad Love, era uma estranha casa em um estranho mundo, era um fio, minha vida. Eu estava sempre por um fio, E o fio era você.
O Menino que iria mudar o mundo, Eu dizia.
E você, eu desenhava, eu escrevia, eu fazia um fantoche para mim,
sendo o seu, me dando de presente, inteira
"O Meu sangue no lugar do seu, querido"
E fiz a carta a ti, a última e a primeira,
"que você necessita somente pedir, menino, e eu prestarei atenção em você e para sempre irei - amá-lo somente"
Era tão intenso, tão bonito, me falta intensidade hoje em dia... ao menos, intensidade-desespero.

,que esqueci meu Harleywish, e esqueci meu Reino Anemico, e esqueci assim quase tudo.
Mas ainda tenho essa lembrança marcada, fixa em verdana dez - e não em times new roman - , essa memória presa na caixa luminosa, contida em letras, luz branca se destacando do fundo-luz preto, em senhorita_ilusao.weblogger.
E certa vez, Harley Quinn te disse, “Rasgue meu coração para fora e me esmague junto com ele. Palavra imóvel, eu te amo somente.”
Imóvel, imutável, inatingível e atemporal, tudo o que você não é. Inconstante como tema central, é você.
Contradição e ilusão, riso e bossa.
Único e transmutável, é você a perfeita definição da insustentável leveza, coloco-te na posição de homem-verbo e faço-te um eterno amante, mesmo que na lembrança, mesmo que em verdana dez.
É difícil achar a razão no seu pensamento se orientando pelas suas palavras, é preciso te ver além-mais,
eu vi, ou foi mesmo só um sonho.



Escorpiões e Borboletas


Ri, e rola, e ri, risada gostosa de criança pequena, de criança, pequena que gosta de rolar e correr e rolar atrás das vírgulas, e vem areia no cabelo. É preto, E ri..., Agora é preto, E parece uma graúna!, Eu rio, E não é que parece?, E ela rola pela canga, rindo, rindo, lindo, areia branca no cabelo preto, graúna, É preto, nem combina mais com praia..., E olho os olhos, verdes, águas, verde-preto, água-graúna, e mergulho neles, são olhos teus, menina bonita, são olhos ateus de quem perdeu a própria vida,
pequena risonha, branca, tão branca, combinando com a areia, combinando com a Remédios, a bela, Aquela, a Mais Bonita, de risada de criança e andar relaxado, de borboletas amarelas e conversas na porta da escola, pulinhos e comentários bobos, é névoa verde que rola, e ri, e rola pela canga que mais parece uma toalha de mesa, mas pega areia no cabelo, areia branca no cabelo preto, e me diz, com o biquíni de bolinhas:
- Eu gosto é dos escorpiões.

ps. donadodesenho